A importância da Leitura
a propósito da Comunidade de Leitores do Teatro Municipal da Guarda
As Comunidades de Leitores, com esse nome ou com outro, mas com fins idênticos, têm-se multiplicado em Portugal de há uns anos para cá. Inicialmente, constituíram-se em livrarias – na Barata, na Ler Devagar, na Almedina (a do Atrium Saldanha tornou-se referência), p.ex. – depois em Associações e Sociedades Literárias, sobretudo em Lisboa e Porto. Posteriormente o modelo tem vindo a ser adoptado por instituições culturais como a Culturgest (outra referência incontornável), bibliotecas públicas e escolas. Há também comunidades de leitores orientadas para domínios específicos, de que é exemplo a relativa a textos filosóficos, na Universidade do Minho.
Conforme se pode ler na apresentação da comunidade organizada na livraria Almedina, a razão fundamental para a existência destes eventos pode resumir-se ao seguinte: Porque ler é uma forma de resistência...Porque ler é uma forma de partilha...Porque cada leitor tem direito à comunhão com outros leitores e com os autores... Acrescentaria que essa partilha aberta é necessariamente igualitária na forma e desigual no conteúdo. Onde o objectivo não é assegurar uma mera troca de preferências literárias, ou de subjectividades, mas a criação de uma imperceptível narrativa, partindo daí. Não obstante, ainda que o cenário sejam as preferências dos leitores, o motivo é uma leitura transfigurada, filtrada pela paleta de um impressionista e revelada como uma epifania. Não se trata de uma descrição narcísica, mas de uma inscrição onde a linguagem é um pano cheio de buracos. Uma comunidade de leitores pode ser a prova de que não se lê unicamente "para", mas também "por causa", como um corsário sem bandeira, numa bárbara demonstração de um apetite de abordagem ou do abandono de uma condição demasiado humana, que não revela "boas pessoas", mas pessoas que querem pensar noutro lugar, na língua crepuscular de Sherazade. Neste ponto, seria interessante encarar uma comunidade de leitores como um retorno a um tempo onde a leitura era efectuada em voz alta – até ao séc. XVIII – adivinhando-se a sua fruição colectiva, sem perder a sua qualidade intrinsecamente íntima, bem como a presença regular dos autores.
Tenho participado regularmente na Comunidade de Leitores organizada pelo TMG desde praticamente o seu início. Uma iniciativa estimulante e inspiradora, assim creio, para quem nela participou. No entanto, à semelhança do que acontece noutras realizações similares, seria interessante convidar um autor para algumas das sessões, bem como suscitar a discussão colectiva de uma obra previamente determinada na sessão anterior.
As Comunidades de Leitores, com esse nome ou com outro, mas com fins idênticos, têm-se multiplicado em Portugal de há uns anos para cá. Inicialmente, constituíram-se em livrarias – na Barata, na Ler Devagar, na Almedina (a do Atrium Saldanha tornou-se referência), p.ex. – depois em Associações e Sociedades Literárias, sobretudo em Lisboa e Porto. Posteriormente o modelo tem vindo a ser adoptado por instituições culturais como a Culturgest (outra referência incontornável), bibliotecas públicas e escolas. Há também comunidades de leitores orientadas para domínios específicos, de que é exemplo a relativa a textos filosóficos, na Universidade do Minho.
Conforme se pode ler na apresentação da comunidade organizada na livraria Almedina, a razão fundamental para a existência destes eventos pode resumir-se ao seguinte: Porque ler é uma forma de resistência...Porque ler é uma forma de partilha...Porque cada leitor tem direito à comunhão com outros leitores e com os autores... Acrescentaria que essa partilha aberta é necessariamente igualitária na forma e desigual no conteúdo. Onde o objectivo não é assegurar uma mera troca de preferências literárias, ou de subjectividades, mas a criação de uma imperceptível narrativa, partindo daí. Não obstante, ainda que o cenário sejam as preferências dos leitores, o motivo é uma leitura transfigurada, filtrada pela paleta de um impressionista e revelada como uma epifania. Não se trata de uma descrição narcísica, mas de uma inscrição onde a linguagem é um pano cheio de buracos. Uma comunidade de leitores pode ser a prova de que não se lê unicamente "para", mas também "por causa", como um corsário sem bandeira, numa bárbara demonstração de um apetite de abordagem ou do abandono de uma condição demasiado humana, que não revela "boas pessoas", mas pessoas que querem pensar noutro lugar, na língua crepuscular de Sherazade. Neste ponto, seria interessante encarar uma comunidade de leitores como um retorno a um tempo onde a leitura era efectuada em voz alta – até ao séc. XVIII – adivinhando-se a sua fruição colectiva, sem perder a sua qualidade intrinsecamente íntima, bem como a presença regular dos autores.
Tenho participado regularmente na Comunidade de Leitores organizada pelo TMG desde praticamente o seu início. Uma iniciativa estimulante e inspiradora, assim creio, para quem nela participou. No entanto, à semelhança do que acontece noutras realizações similares, seria interessante convidar um autor para algumas das sessões, bem como suscitar a discussão colectiva de uma obra previamente determinada na sessão anterior.
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