segunda-feira, 31 de março de 2008

Imagens da Guarda

Parque Rio Diz
Porta da Erva ou da Estrela

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Galinhas e lagartos

Passei a manhã inteira no Tribunal. Mais concretamente, num julgamento relativo a uma questão onde uma velhota era acusada de ter proferido uma chusma de impropérios aos seus vizinhos, de um quintal para o outro. E tudo se deu por causa da disputa por uma galinha. Que se tornou no galináceo mais badalado do distrito, um ano e meio depois. Na ocasião, aproveitei para actualizar o meu léxico, no que ao calão diz respeito. E percebi, definitivamente, que as palavras, ao serem ditas fora do contexto e repetidamente, perdem qualquer significado. Sobretudo se este se traduz na chamada "troca de mimos". Ocorreu-me também, já agora, em virtude do caudal de palavrões, que estaria no Estádio de Alvalade, logo a seguir ao duomilionésimo seiscentésimo octogésimo terceiro penalty não assinalado a favor do clube dos Viscondes. Que mais ninguém viu, é claro, a não ser os adeptos desta simpática agremiação excursionista.

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quinta-feira, 27 de março de 2008

Aviso à navegação

A partir do final deste mês, vou estar também em nova casa. Chama-se "tábua de marés" e será, espero, um espaço pessoal de liberdade poética. Que, por enquanto, ainda está em fase de teste. Até porque as funcionalidades da plataforma do Sapo, onde está alojado, permitem uma formatação do layout de forma personalizada, criativa e "amigável". Se por lá passarem, perceberão o porquê desta migração incompleta. O que quer dizer que o "Boca de Incêndio" não chegou ao fim, nem ficará em stand by. A esse propósito, os leitores poderão ficar tranquilos ou, quem sabe, desapontados. As postagens serão mais espaçadas e o blogue mais centrado em questões ligas à res publica. Até ver. O "Guarda Nocturna" mantem o figurino. A condição blogosférica ainda é, que se saiba, intermitente. Precisamente porque há mais marés do que marinheiros.

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quarta-feira, 19 de março de 2008

O novo belvedere

Finalmente, a Torre de Menagem vai ser requalificada, segundo anunciou a Câmara Municipal. O objectivo é tornar a área a futura "sala de visitas " da cidade. Precisamente no seu ponto mais alto (1056 m). As obras deverão estar concluídas até Setembro deste ano e irão custar cerca de um milhão de euros. O projecto é co-financiado pela União Europeia através do Programa Operacional da Cultura. A zona necessitava urgentemente de atenção, de modo a alargar o âmbito do centro histórico da Guarda, pois outrora a Torre de Menagem encontrava-se integrada na Alcáçova (estrutura militar) da cidade. Segundo a arquitecta autora do projecto - Margarida Carvalho - a Torre de Menagem "funcionará como ponto de partida para uma visita a todo o concelho", garantindo que está a ser realizada "uma intervenção muito minimalista de forma a não ferir muito o monumento". Será também criada uma "uma rede de percursos na paisagem" com miradouros, zonas de estadia, contemplação e repouso. No futuro centro de recepção os visitantes poderão visualizar uma exposição permanente referente ao património histórico, cultural e natural do concelho, numa sala de exposição com vitrinas interactivas. Os três pisos do interior da Torre de Menagem também serão intervencionados. No primeiro andar irá ser feita a apresentação do foral da cidade através de um sistema de projecção. No âmbito das obras, também está prevista a abertura do terraço, de onde se pode ver toda a cidade e região envolvente. No piso térreo será criado um pequeno auditório, onde será projectado continuamente um filme acerca da evolução da malha urbana da Guarda "ao longo dos mais de oito séculos de história". Ver aqui notícia detalhada.

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sexta-feira, 14 de março de 2008

José Matias revisitado

Nem sei como isto aconteceu, senhor doutor... Eu amava-a está a ver? Sim, estava a ver perfeitamente. Ele estava ali, sentado à minha frente, titubeando frases desgarradas, com castelhanismos à mistura. Vinte e poucos anos. Não usava truques, uma indignação forçada, nem sentimentos postiços ao serviço da negação, como me habituei a ver nesta profissão. "Conte lá, homem"... Estava para casar com ela. Já estava tudo arranjado. Ainda fiz mais uma temporada em Espanha, para juntar alguma coisa. Quando cheguei, ela já não me queria ver. Tinha arranjado outro. Quis falar-lhe mas ela não queria falar comigo. Fui várias vezes até à casa onde ela agora vivia. Ficava lá horas à espera que me dissesse alguma coisa, pois sabia que eu ali estava, à sua espera . E aquilo aconteceu em duas vezes que lá fui. "Aquilo" queria dizer que foi apanhado por duas vezes a conduzir sem carta. À segunda, a coisa estava a sair-lhe cara. Como não deu sinal de si, foi declarado contumaz (uma situação de menoridade cívica, em que se fica impossibilitado de obter documentos e qualquer benefício junto da administração pública). Tinha chegado no dia anterior e veio directamente do tribunal, onde a interdição acabara de ser levantada, para que lhe tomasse conta da situação. "Pois bem, primeiro que tudo, vamos tratar de lhe renovarem os documentos, ouviu?" Posso fumar? "Fume à vontade, homem." Percebi claramente que a busca de si próprio estava longe de ser o empossamento numa identidade que o Estado aleatoriamente lhe iria reconhecer. Para fins completamente alheios a essa busca, que só aqui começara e estava longe, muito longe do seu fim. "Então, e neste tempo todo, o que andou a fazer?" Foi para Espanha, lá me contou. Andou aqui e acolá, trabalhando na agricultura onde calhasse. Olhei para ele. Lembrei-me, não sei porquê, do José Matias, o personagem que deu o nome ao conhecido conto de Eça de Queiroz. O pobre José Matias, cujo amor desesperado e silencioso por Elisa o levou deste mundo! Ou demasiadas inquietações metafísicas e Malebranche. Mas aqui, nem fumos de tragédia, só vidas difíceis. Ocorreu-me também como o egoísmo é vivido de forma subtilmente diferente por homens e mulheres. Os primeiros colocam-se, quase sempre, no centro dos seus problemas. As mulheres, pelo contrário, colocam os seus problemas no centro de tudo. É claro que guardei para mim esta última reflexão. Não fosse ele outra vez rondar a sua Elisa. Sem carta de condução. "Então, começamos por onde? Cartão de contribuinte, ou bilhete de identidade?"

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quarta-feira, 12 de março de 2008

Imagens da Guarda

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terça-feira, 11 de março de 2008

Um grande passo

A Rádio Altitude acaba de entrar na era do podcast. O serviço, ainda em versão experimental, está em funcionamento desde o início deste mês. Ficam assim disponíveis para o grande público os programas de grande informação, crónicas e debates transmitidos nesta estação. Basta aceder à página e descarregar os ficheiros pretendidos, ou escutá-los em streaming, a partir do próprio site. Existe um spot publicitário no início de cada ficheiro, da responsabilidade do servidor de alojamento. Com o hábito, ignora-se. Segundo anuncia a estação, "Este conceito de self-media – o que o utilizador quer ouvir; quando quiser ouvir – será, de resto, a matriz da nova página da Rádio na Internet, actualmente em construção, na qual o cada vez mais rico arquivo multimédia se encontrará disponível e também devidamente indexado para motores de busca." Uma boa notícia para os mais distraídos, os mais ocupados, ou que vivem fora da cidade mas querem acompanhar o que aqui se passa.

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sábado, 8 de março de 2008

Ah! Pois é!...

Ontem, pelas 22 00h, decorreu um encontro/debate no Café Concerto do TMG, sendo tema "O que é isso do humor português?". Os animadores de serviço eram Nuno Markl e Ricardo Araújo Pereira. A sessão estava inicialmente marcada para dia 27 de Fevereiro, tendo sido adiada por indisponibilidade de um dos apresentadores. Cheguei por volta das 21.15h, sendo que o espaço só abre no período da noite às 20 30h. O café estava já com lotação completa. Não é que os ocupantes efectivos estivessem nos lugares, mas algo convenientemente lá deixado os ocupava por eles. Como estava à espera de uns amigos com quem tinha combinado assistir à sessão, esperei mais um bocado. Entretanto, não paravam de chegar mais espectadores. Como eu, eram cada vez mais os presentes revoltados com a situação. Por fim, na hora da verdade, as alternativas eram: 1º assistir de pé, o que não faz sentido num espaço daqueles; 2º ir embora, de preferência para um local com rede wireless. Com uma despedida à francesa, demandei pois outras paragens. Esta situação merece alguns comentários. Para já, não é admissível a permissividade com a ocupação de lugares "com um casaquinho" enquanto não vêm os ocupantes reais. Pode dar jeito, não tenho dúvidas, mas impede que outros, que legitimamante querem asistir, o não posssam fazer. Mais uma questão de civismo, ou de falta dele, em suma. Por outro lado, a um outro nível, o TMG é o grande responsável pela situação. O mais elementar bom senso aconselharia duas soluções, em alternativa: 1º que as entradas fossem pagas; 2º que a sessão decorresse no Grande Auditório, atendendo à previsível afluência de público. Nesse caso, a entrada estaria sujeita à aquisição de bilhete, mesmo que a custo zero. O que garantiria lugar marcado, maior envolvência, distribuição dos espectadores sem atropelos nem correrias e, sobretudo, evitaria surpresas desagradáveis. Poderão objectar que o café concerto tem características mais apropriadas para este tipo de eventos. Ou que, nesse horário, estava a decorrer um espectáculo teatral no Pequeno Auditório. Aceito a primeira objecção, desde que o público não excedesse a lotação do espaço. Em relação à segunda, creio que nada obstaria à coexistência de dois espectáculos distintos, quer do ponto de vista técnico, quer logístico.

Nota: em conversa com o Director do TMG, este informou-me que o Teatro concluiu que o Café era o espaço adequado para uma sessão informal como esta, pois num auditório desapareceria a necessária proximidade, com a consequente descaracterização do resultado pretendido num debate. Alteração essa que, provavelmente, nem os convidados aceitariam. Percebo e aceito as razões, na perspectiva de quem organiza. Mas que dizer do público que está disposto a esperar à porta uma hora antes de abrir a sala, para marcar um lugarzinho para si e para os amigos que chegam mais tarde? Pessoalmente, se tiver que me prestar a esses números, que seja no Posto Médico, para a senha da consulta. De qualquer maneira, da próxima vez já sei o que faço: levo uma cadeira de tripé, daquelas de campismo. Ou então, melhor ainda, fico em casa. A ler um bom livro.

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Jornal Cidade Mais
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