sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Omo lava mais branco

A nova grelha de programação da Rádio Altitude acaba de ser dada a conhecer. No seu todo, afigura-se-me bastante interessante, ao conseguir chegar a vários públicos. Mas enferma de alguns problemas. É precisamente da opção mais controversa que aqui vou falar. Está previsto ir para o ar, todas as segundas-feiras, o programa "Politicamente Incorrecto", onde Abílio Curto e Marília Raimundo alternam naquilo que é anunciado como uma "leitura muito própria da actualidade" e "sem cerimónias". Nem queria acreditar! Mas o que terá ainda Abílio Curto que dizer aos seus conterrâneos, ao auditório da rádio? Será que se perfila para uma espécie de nobilitação senatorial? Um novo senhor comendador? Mais um "comentador" que utiliza informação privilegiada para ajustar contas antigas, ou recorre a boatos para criar cortinas de fumo? Um prof. Marcelo em versão pimba, sem brilho, sem mundo, sem livros, sem dimensão cívica. Chega! Chega de Curto! O maior (mas não o único) responsável pelo terceiro-mundismo urbanístico que vigorou na Guarda durante duas décadas, pelo trágico atraso que se abateu sobre a cidade, pela perda de oportunidades, pela deslocalização de investimentos, pelo clima de caciquismo, pelo empobrecimento humano, cultural, paisagístico, pela desqualificação, pela criação de clientelas eleitorais e outras, que ainda hoje sobrevivem, como tentáculos. As contas com a Justiça fazem parte de uma outra história, de que não me ocuparei aqui. O que me interessa a mim e o que interessa aos cidadãos em geral e da Guarda em particular, é a responsabilização política de Abilio Curto e da rede de interesses partidários e económicos que o apoiaram e graças a ele floresceram. Para que determinados erros nunca mais se repitam. Mas essa operação de saneamento básico, inexplicavelmente, nunca foi feita. Talvez à espera que a memória não cobre juros. Ou que a magnimidade seja confundida com fraqueza.

Etiquetas: , ,

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

O entalanço

Num jardim situado ao longo da principal artéria da cidade, existe uma singular edificação decorativa. Trata-se de uma espécie de réplica das conhecidas lápides evocativas, exudando nostalgia a pataco, erguidas no Penedo da Saudade, em Coimbra. O motivo principal é um verso gravado num pedaço de granito, colado a um informe e rasteiro barroco. A quadra é retirada da "Canção da Guarda", de Júlio Ribeiro. Para além da polémica havida na altura, por causa das gralhas do texto, ressalta a fealdade do monumento. A certa altura, no meio do lirismo ornamental e esclerosado do verso, (ainda) muito cultivado no nosso país pelos pequenos e médios vates, ressalta a expressão "entalada na monstra". Entalada onde? Ups! Embora tenha passado pelo local milhares de vezes, só recentemente, noite dentro, reparei na grotesca frase. Que podia dar o mote para um filme pornográfico, no segmento "bizarrias e fetiches".

Etiquetas: ,

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Que imagem para a Guarda?

Américo Rodrigues lançou o desafio urbi et orbi, no "Café Mondego": escrever um texto acerca da imagem da (para a) Guarda. Aí aproveita para traçar algumas das questões chave nessa apreciação. Pois bem, acabei ontem de me juntar aos que aceitaram o repto. O texto poderá ser lido aqui.

Etiquetas: , ,

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Cinco, apenas cinco (4)

Atenção! Este post autodestruir-se-á após cinco tortas de azeitão.

Etiquetas:

sábado, 18 de outubro de 2008

Zincos

A convite do Galo, mentor do blogue "Zincos", a partir de hoje sou mais um editor deste espaço aberto e promissor. Um ciberzincos herdeiro do outro, o que fez história, a escola da noite de três gerações, a caverna onde as sombras só apareciam à saída, enquanto a luz se ia cozinhando lá dentro, sim, o balastro ignidor, o tapume da inquietação, uma capela em honra da névoa que se quer antes mas não depois, uma capela escavada e não erguida, o lado B da cidade, a fábrica de aranhas, com um eco fantasmagórico de Tom Waits nas entrelinhas, o fumo embutido na BD do "Torpedo", lá atrás, o último copo que nunca era o último, o anúncio da festa, os maus hábitos e as falsas surpresas, esse mesmo, o tal. Ainda. "Olha, por cá? Quem diria?" Aqui.

Etiquetas: , ,

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Já falta pouco!

O Centro Comercial VIVACI, o maior investimento privado na Guarda das últimas décadas, sempre irá abrir no próximo dia 5 de Novembro, segundo notícia difundida pela Rádio Altitude. Para este novo (e polémico) espaço comercial, contribuiu um investimento na ordem dos 33 milhões de euros. Irá albergar 90 lojas, entre as quais uma livraria, 12 restaurantes, um supermercado e várias salas de cinema.

Etiquetas: ,

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

U qui diz mulelo

Tomei conhecimento, por terceiros, de que um obscuro blogue da Guarda, certamente com problemas de audiências, me "dedicou" um autógrafo e uma caricatura. Ups! E logo sem avisar! O autor teria sido um "fotógrafo" recentemente premiado, que não gosta de ser criticado e de que já esqueci o nome. Ficará a lembrança da sua credibilidade nula, enquanto cidadão e blogger.

Etiquetas: ,

domingo, 12 de outubro de 2008

Ainda a massa ou a falta dela

Neste autêntico manifesto, Américo Rodrigues aponta um dos grandes males da Guarda: a ausência de massa crítica. Evidentemente, com outros nomes se poderia qualificar a mesma realidade: défice de cosmopolitismo, falta de visão projectiva, falta de ambição intelectual (sim, é preciso não ter medo dos nomes), paroquialismo, excesso de auto-complacência, provincianismo, ausência de debate de ideias e projectos, receio daqueles que sabem e sonham serem ignorados por aqueles que nem uma coisa nem outra, mas aparecem demasiado. Não é só uma questão de know how. Nem educacional. Nem social. É a cultura, meus amigos, sempre a cultura. Ela tem aqui um peso esmagador, sente-se o quanto ela pode ou não tornar-nos mais humanos, mais livres. Mas de pouco vale, se escassearem determinadas qualidades humanas que a façam brilhar, que lhe dêem uma razão de ser: a coragem, a elegância, a leveza, a velocidade, a exigência, o acesso a uma vitalidade que não cede perante a repressão. As cidades fortes são aquelas que acreditam em si próprias. Não de uma forma provinciana, ou apropriando-se de um passado e de símbolos que não são os seus, como já vi aqui bem perto. Depois há a questão das elites. Um termo que assusta muita gente, mas sem qualquer razão. Veja-se a História. A existência de uma élite sempre foi determinante para a sobrevivência e o desenvolvimento de comunidades, países, civilizações. A diferença entre uma oligarquia e uma élite é que a primeira exerce o poder em benefício próprio. As segundas encaram o poder como uma realidade inconspícua e pretendem criar valor de que todos possam usufruir. Embora não seja um fenómeno local, vejo algumas pessoas na Guarda manifestarem-se publicamente contra as elites. Como se pressentissem na sua existência uma ameaça, uma afronta, um rebaixamento. Sem nunca perceberem que é graças precisamente à acção cívica dessas elites que um dia todos poderão distinguir, premiar, incentivar os melhores, só porque são os melhores. Sem azedume, sem mais ou menos, porque todos lucrarão com isso. Nas sociedades onde a meritocracia está enraizada enquanto valor inquestionável, não há elites auto-proclamadas, mas reconhecidas enquanto tal pela comunidade. Pelo contrário, onde existe com abundância a falta de humildade e uma erudição de lapela, é quase certo que aí a tirania há-de prosperar.

Etiquetas: , ,

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Kit para o Jarmelo


Imagem do Kit, gentilmente enviada pela J.F. do Jarmelo. Uma boa ideia, cuja autoria é fácil desvendar. Ler aqui, bem a propósito, a moção apresentada na A.M. da Guarda.

Etiquetas: ,

Jornal Cidade Mais
Creative Commons License