domingo, 31 de maio de 2009

Crónicas da paróquia

Hoje fui almoçar a um local bem popular na Guarda. Agrada-me o sítio. Sobretudo pela qualidade da comida, pela decoração e ar vetusto. Mas no melhor pano cai a nódoa. Um feudalismo viscoso insinua-se no tipo de tratamento que é dado à clientela. Predomina a subserviência, medida pela "importância" dos comensais. Uma avaliação tão duradoura como o segundo mandato de Nixon, diga-se de passagem. Feita, ainda por cima, com requintes pícaros, à maneira popular: "este é o senhor dotor, mas no final vai desembolsar como gente grande!". É o farejamento e lambimento canídeo dos "dotores", dos influentes, do fulano de tal empregado na Câmara, que "nunca se sabe, ainda nos pode ser útil", dos sacos de ego portáteis, do "xenhor" Y do banco, "então e que tal, estava bonzinho?", mais uma lambidela, cheeeelp! e por aí adiante... Alguns dos senhores dotores são dos maiores filhos da puta lambe-botas com que já me deparei algum dia. Mas agarrados ao arrozinho, ou de volta das entradazinhas, são mesmo uns amorzinhos!... Claro que adoro ir a este local. Nem que mais não seja, porque é um mostruário do socialite guardense. Saio de lá sempre inspirado. E sabem que mais? Lá sou tratado com uma deferência natural, sem excessos deletérios, nem bajulações invasivas. Não estou na classe dos importantes, nem dos "dotores e engenhêros", nem dos mangas de alpaca sazonais. Sou o "gajo esquisito do teatro e dos jornais", que "escreve umas coisas e é melhor que não seja sobre nós", "vai lá almoçar sempre com uma gaja diferente". Portanto, "o melhor é tratá-lo bem", antes que, nunca se sabe... "antes que o chamemos também por dotôr"...

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segunda-feira, 25 de maio de 2009

O programa

Há cenários onde é aconselhável deixar um comentário breve e antecipado. Eis um exemplo. Já não falta muito para as eleições autárquicas serem tema de fundo na Guarda. Altura pois para um ponto da situação. Quanto ao enredo, ele está praticamente definido, não se prevendo surpresas de maior. Ou seja, quase toda a gente já percebeu que, se não cometer nenhum deslize de última hora, Joaquim Valente será reeleito para um segundo mandato à frente da Câmara guardense. E com uma legitimidade acrescida para poder executar o programa com que se propõe ao eleitorado. O candidato do PSD, Crespo de Carvalho, não irá certamente descolar de uma posição underscore até ao sufrágio. E qual será o guião para este espectáculo? Ou seja, que projecto político está em causa na sua candidatura? Qual será o teor das propostas de Valente? Que visão para a Guarda? Mais do mesmo? A audácia própria de um segundo mandato? Que estratégias? Que prioridades? Que recursos disponíveis? Que plano para mobilizar a cidade? Qual a equipa que o irá acompanhar? São essas e só essas as questões por que vale a pena esperar.

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quarta-feira, 20 de maio de 2009

Assim não...


Comemorou-se ontem o 102º aniversário da fundação do Sanatório Sousa Martins. Entretanto, a degradação tomou conta de um património edificado e natural que outrora foi a imagem de marca da cidade. No "Correio da Guarda", Helder Sequeira (autor da foto) uma vez mais adverte para a gravidade da situação e a indiferença das entidades responsáveis. O texto chama-se precisamente "A agonia dos centenários pavilhões do Sanatório". Onde pode ler-se: no Parque da Saúde vão agonizando os antigos Pavilhões D. Amélia e D. António de Lencastre; a Guarda corre o risco de perder uma património ímpar e uma parcela da sua própria história, da história de uma instituição que a projectou dentro e fora das fronteiras nacionais...

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quarta-feira, 13 de maio de 2009

Informação

A webpage do Cineclube da Guarda foi redireccionada para o blogue homónimo, recém-criado. As vantagens da sua utilização são óbvias: maior interactividade, versatilidade e possibilidade de actualização em tempo real. O novo espaço está ainda em fase de construção. Todavia, convido desde já os leitores a fazerem uma visita. Está aqui, podendo ser acedido também através deste sidebar.

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quinta-feira, 7 de maio de 2009

Imagens da Guarda

O passeio

Hoje transferi a caminhada aeróbica quase/diária para a cidade, em vez do parque de Rio Diz. Momento perfeito para reactivar memórias, recolher impressões digitais de um tempo que acabou. O tempo em que a Guarda tinha "rua", tinha uma "proximidade" aconchegante, tinha uma convivialidade natural, espontânea, tinha cafés carismáticos, inspiradores, tinha tertúlias acaloradas, uma irreverência imprescindível, um pulsar colectivo que se sentia, uma leveza que fazia esquecer a solidez e a asfixia do granito. Hoje, infelizmente, a cidade não tem "rua". Funciona como um centro de dia, animada pelos serviços e algum comércio. E nem mesmo os arranjos no "mobiliário" urbano conseguem disfarçar uma urbanidade degradada, bisonha. Seria de esperar que, numa cálida noite de Primavera, se vissem pessoas na rua, disponíveis, com tempo. Que houvesse um "cheirinho" de civitas no ar. Mas não! Nos cafés, todos com os olhos pregados na TV. Imagino que assistindo a mais uma transmissão de futebol. Nas artérias principais, três pessoas a falar ao telemóvel, dois casais com ar de forasteiros e um polícia a torcer o bigode. And that's all, folks. Duas notas finais. Dei conta da existência de uma lavandaria self service, uma novidade absoluta... Por outro lado, na Praça Velha, deparei com várias filas de estudantes do IPG, munidos de um papel. Pareciam as filas para o check in no aeroporto de Lutton, em Londres. Ou uma flash mob de circunstância. Todavia, imagino que não passe de mais uma praxe ou coisa que o valha. Segui caminho, para não me desapontar...

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