quarta-feira, 25 de junho de 2008

Imagens da Guarda

Igreja da Misericórdia, vista da rua do Comércio


IPG em dia de neve

Etiquetas:

Monólogo do saltimbanco

Da minha participação teatral na Feira de S. João (ver aqui), na qualidade de vendedor da banha da cobra, algumas conclusões mais inclinadamente pessoais já se podem retirar:
1º Percebi a verdadeira perversidade do episódio mais emblemático de "O Perfume", de Patrick Süskind, (vd. adaptação cinematográfica de Tom Tykwer). Como se recordam, o protagonista, Jean-Baptiste, provoca um delírio colectivo na assistência, durante a gorada cerimónia pública da sua execução. Uma espécie de deliquescência erótica, uma possessão orgiástica que tomou conta de todos. Todavia, a imagem do amor que ele personificava e que contagiou o que estava em volta, era afinal uma composição metafísica, um truque. O quintessência de uma depuração gradual da necessidade, do tempo, da contingência. O resultado de uma vampirização acumulada da matéria para chegar ao espírito. Aparentemente, tudo se passou como se o brilho arrebatador que emanava do herói encontrasse eco nas pequenas chamas em redor, despertasse um sopro adormecido, o sopro da alma. O momento único em que a metáfora de desejo é também uma forma de revelação do sagrado. A fascinação é mais do que óbvia. No entanto, falta ainda um ponto essencial: a inexorável solidão do protagonista, a devoção canibalesca que suscita e que acaba por vitimá-lo. Volto ao ponto de partida, deixando de parte interpretações mais rebuscadas. Percebi o que há muito suspeitava: a verdadeira força não nasce da blindagem do ego, mas do despojamento. Não de uma alucinação mas de uma empatia. É aí que se encontra o amor sem truques. É aí que nos visita a solidão essencial. A que inspira, e já não assusta. A que nos devolve ao centro. É aí a forja onde se tempera o mais rijo aço e a mais delicada magia.
2º Por outro lado, como pude observar, quem procura a diluição numa espécie de popularidade reconfortante, acaba por se encontrar, mais cedo ou mais tarde, com o vazio primordial. E essa hora será dramática para estes praticantes da palmadinha nas costas e da conversa da treta. Pelo contrário, para bichos do mato como eu, avesso a multidões, a empatia é cirúrgica e intensa. Em resumo, digo ao que venho, bem alto, para todos, e vou-me embora. E assim, nunca chegarei a retirar o vazio portátil da mochila.

Etiquetas:

sábado, 21 de junho de 2008

Feira de S. João 2008 (2)

O programa completo deste evento, repartido por quatro dias, está disponível aqui.

Etiquetas: , ,

Praça Velha

Decorreu ontem a apresentação pública do 23º número da revista "Praça Velha", editada pela Câmara Municipal da Guarda, onde colaborei com uma recensão a um livro de poesia. A publicação apareceu com novo arranjo gráfico e o projecto editorial irá sofrer uma alteração profunda. Pelo que o número agora saído assinala uma fase de transição para o novo modelo. Do que vi até agora, os sinais são francamente animadores.

Etiquetas:

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Feira de S. João 2008

A Feira de S. João em finais dos anos 30. Foto: António Correia

Uma reconstituição da tradicional Feira de S. João, promovida pela ProRaia e Câmara Municipal, com produção da Culturguarda, irá animar as ruas da cidade a partir de dia 21. Criada em 1255, por carta régia de D. Afonso III, tinha uma duração prevista de quinze dias. E ao longo dos séculos manteve-se como uma das principais feiras com expressão nacional. A confirmá-lo, um excerto da "Carta da Feira da Guarda": "...Mandei e mando que nos quinze dias antes da dita festa de S. João e que nos quinze dias seguintes à mesma festa todos os que vierem a essa feira, venham em segurança e em salvo por todo o Reino de Portugal, com todas as suas coisas e mercadorias, à vinda para esta feira, durante ela e no regresso. E ninguém seja ousado de mal fazer ou penhorar os concorrentes a essa feira , os que dela regressarem, por nenhuma dívida, nem por qualquer demandas..." Entretanto, na perspectiva de mais uma edição da feira, noticiava o semanário "Distrito da Guarda", em 10 de Junho de 1910 : "Na véspera de S. João, além dos descantes pelas ruas da cidade, as tradicionais fogueiras de rosmaninhos e bela luz. No sanatório houve um luzido arraial, a que concorreu a elite da sociedade da terra (...) Em alguns largos houve também animadas danças, especialmente as da Travessa da Liberdade, onde a suavidade e concerto das vozes se harmonizavam com a peregrina beleza das raparigas." Afoitai-vos, valentes peregrinos!

NOTA: consultar aqui mais informação, actualizada diariamente.

Etiquetas: , ,

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Eu queria encontrar aqui ainda a terra

Foto: Armando Neves

Gostaria de dizer algo sobre a recente apresentação da peça "Eu queria encontrar aqui ainda a terra" no Teatro Municipal da Guarda. O comentário pode ser acusado de parcialidade, é certo. Porém, antes de o escrever, coloquei-me sinceramente na pele do espectador comum, tentando pôr de parte o envolvimento directo. Começando pela encenação de Luciano Amarelo, revelou um brilhantismo, um rigor e um fino entendimento do texto que não me surpreendeu de todo. Pois já conhecia trabalhos anteriores seus. A interpretação de Paulo Calatré e Pedro Frias foi superlativa. A música de César Prata é que foi uma agradável surpresa, para quem se habituou a ouvi-lo no âmbito da música tradicional. Se no palco nada há apontar, excepto algumas deficiências do desenho de luz na estreia, corrigidas nas sessões seguintes, outro tanto não se pode dizer do silêncio que se seguiu ao espectáculo. Apesar da enorme afluência de público verificada. E isto tratando-se de uma obra apresentada a pensar especialmente na memória da cidade, embora não só, à luz dos universos de Vergílio Ferreira e Eduardo Lourenço. Um acontecimento que, em muitos outros lugares, seria encarado como uma celebração exemplar, um cartão de visita condigno, foi praticamente (salvo honrosas excepções, é claro) remetido ao limbo da indiferença. Ficou porém a confirmação de uma aposta ganha: o Projec~, a estrutura teatral do TMG. Sobre esse ponto, convido à leitura do que Américo Rodrigues escreve no "Café Mondego".

Etiquetas: ,

Guarda Digital (2)

Uma leitora enviou um apreciação técnica do portal Guarda Digital, online desde 31 de Maio, o qual aqui comentei:

I - Usabilidade/Acessibilidade do interface.

Para além de uma Arquitectura de Informação complexa, eu diria que o guarda.pt contraria, fundamentalmente, a primeira das 10 recomendações de Jakob Nielsen sobre usabilidade de websites: a “Visibilidade do Status do Sistema”. Esta heurística diz-nos que o sistema (o website) deve sempre manter os utilizadores informados sobre o que se está a passar através de feedback apropriado, em tempo razoável. Concretizando:

1. O menu de navegação das páginas de 2º e 3º níveis [menu lateral esquerdo] não assinala a página onde estamos.

2. Perde-se a navegação das páginas de 2º nível para as de 3º nível. Embora o website disponibilize Breadcrumb, pode causar desorientação o facto de desaparecer no menu lateral o link da página de onde viemos. Isso é um problema de Arquitectura de Informação.

3. Quando subscrevemos a Newsletter, o sistema não dá qualquer feedback pelo que ficamos sem saber se a mesma foi ou não efectuada com sucesso. O mesmo se diga para a funcionalidade “Envie este artigo a um amigo”.

4. O email de confirmação da subscrição da Newsletter, que nos é enviado pelo guarda.pt não tem “Assunto” e compreende um único link, sem qualquer indicação sobre o que se deve fazer com ele.

5. As funcionalidades: “ vote neste artigo”; “comentar”; “imprimir”; “enviar”; “guardar” e “alertar”, não estão correctamente implementadas, e o sistema também não dá qualquer feedback sobre o que se está a passar.

6. O link “comentários e sugestões” leva-nos para uma página de erro.

7. O Logótipo “guarda.pt” não faz link para a homepage: procedimento absolutamente standard.

II - Acessibilidade

Há um problema estrutural que considero particularmente grave: o sistema não está optimizado para o browser Mozilla Firefox.
Relativamente às Directivas para a Acessibilidade, e testada a conformidade do website com as prioridades 1 e 2, os resultados são animadores relativamente à prioridade 1: só 5 das 90 imagens não têm texto alternativo, por exemplo. Quanto à prioridade 2, há 10 pontos a precisarem de revisão.

III - Web 2.0

Quanto ao resto, gostava que fosse um pouco mais Web 2.0. A “Galeria Multimédia” é uma excelente iniciativa, mas não permite qualquer interactividade, apresentando, globalmente, o mesmo tipo problemas de usabilidade que em cima apontei. Penso que o recurso aos populares Flickr, YouTube, entre outros, poderia ser mais interessante, a todos os níveis.

Ana Pires

Etiquetas: ,

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Festival Ó da Guarda - 2008

Começa hoje, no TMG, mais uma edição deste certame, com a apresentação de “La Scatola” – Um espectáculo intermédia” de Manuela Barile e Rui Costa. Toda a informação relativa ao evento poderá aqui ser consultada.

Etiquetas: ,

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Guarda livros (1)


autores: Benjamim Martinho Ribeiro e Cunha Simões, ed. Cunha Simões, 2006


"De qualquer um dos lados que o visitante ou o forasteiro se dirigir à cidade da Guarda, deparar-se-á, ao chegar ao sopé da montanha, com uma espécie de presépio rústico incrustado nos píncaros agrestes das faldas da Serra da Estrela.
No Inverno, a neve e o gelo, cobrem de branco os galhos despidos e a caruma verde-escura dos pinheiros. É a brancura dos céus cobrindo o presépio rústico, e a cidade inteira, brilha como se fosse um imenso vestido de noiva, no altar da cordilheira que se estende para além dos Pirinéus."

do Prólogo

Etiquetas: ,

Jornal Cidade Mais
Creative Commons License