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Galinhas e lagartos

Passei a manhã inteira no Tribunal. Mais concretamente, num julgamento relativo a uma questão onde uma velhota era acusada de ter proferido uma chusma de impropérios aos seus vizinhos, de um quintal para o outro. E tudo se deu por causa da disputa por uma galinha. Que se tornou no galináceo mais badalado do distrito, um ano e meio depois. Na ocasião, aproveitei para actualizar o meu léxico, no que ao calão diz respeito. E percebi, definitivamente, que as palavras, ao serem ditas fora do contexto e repetidamente, perdem qualquer significado. Sobretudo se este se traduz na chamada "troca de mimos". Ocorreu-me também, já agora, em virtude do caudal de palavrões, que estaria no Estádio de Alvalade, logo a seguir ao duomilionésimo seiscentésimo octogésimo terceiro penalty não assinalado a favor do clube dos Viscondes. Que mais ninguém viu, é claro, a não ser os adeptos desta simpática agremiação excursionista.

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