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Sinais

Há uns dias atrás pude dar conta de algo nunca visto na Guarda: um arrumador de carros. Os mais cínicos poderão dizer que tal ocorrência é mais um sintoma de urbanidade, que tardava em chegar a uma pequena cidade ainda marcada por uma ruralidade degradada. Para mim, o fundamental é ter percebido de imediato que esse arrumador é exactamente igual aos que invadiram Lisboa ou Porto. O olhar é o mesmo. O estado de necessidade idem. O mesmo se diga da suave extorsão com que angariam os meios para sutentar a sua adição, promovendo, sem o saberem, uma espécie de taxa consuetudinária destinada a satisfezer fins próprios de quem a recolhe. Uma espécie de imposto do vício, da mesma forma que certos grupos terroristas utilizavam o célebre "imposto revolucionário" - pagamento exigido às empresas e comerciantes, em troca de protecção - para se financiarem. Retomando a ideia inicial, a espantosa identidade de procedimentos destes arrumadores provém de um único factor: a necessidade. Ela vence o medo, a conveniência. Triunfa sobre qualquer barreira geográfica ou sociológica. É assim.

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