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Borat veio à Serra

Esta é a chamada época alta do turismo de montanha. Observar os forasteiros que visitam a Guarda neste período proporciona uma série de registos deveras interessantes.
Desde logo, ressalta o aparato algo excessivo dos veículos "todo o terreno", equipados como se participassem numa expedição ao Ártico. O mesmo se diga do vestuário. Excessivo para o verdadeiro rigor do clima. Que justifica um agasalho suplementar, é claro, mas não uma autêntica mostra das últimas novidades das lojas da especialidade. É como se o desconforto que se adivinha no rosto dos forasteiros exigisse uma diferenciação "normalizada", defensiva. Aquela de quem está perto dos centros de decisão e consumo, face ao exotismo inóspito de um lugar que se calcorreia, mas não se escuta. Como um descargo de consciência sazonal, dos ricos em relação aos pobres, da agitação em relação ao silêncio, tanto mais episódico quanto mais se pressente que a matéria esmaga e é infinitamente exigente de tempo e de mistério. No fundo, vêm reivindicar uma imagem que já lhes foi vendida. E por nada deste mundo abdicariam dela. "A percepção é a realidade", dizem os gurus do marketing. Nem mais.

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Caro António Godinho Gil, gostei muito deste artigo. Fiz-lhe uma curta referência no Cântaro Zangado.
Obrigado.

Caro José Amoreira:

Obrigado pela referência. É que o desrespeito pela Serra começa muitas vezes pela forma como é "vendida".

Cumprimentos

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