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A impostura

Ontem à noite, passou no Pequeno Auditório do TMG o documentário Loose Change (2ª edição, 2007), de Dylan Avery. Trata-se de uma versão depurada da primeira, mas retomando a visão revisionista dos acontecimentos do 11 de Setembro. Num registo muito em voga, tributário do blockbuster "Código da Vinci": mistério, conspiração, ocultação de provas, a História como branqueamento da ficção e vice-versa, etc. As "provas" apresentadas na primeira versão foram naturalmente consideradas falsas, por investigadores independentes, meios de comunicação e pelas vozes mais representativas da comunidade científica. Basicamente, neste filme Avery pretende fazer vingar a ideia de que, afinal, os atentados foram obra do próprio governo americano. Com uns efeitos especiais dignos da melhor ficção científica. Já agora, relendo os Protocolos do Sião, porque não considerar que os culpados foram os judeus, ou o estrangulador de Kiev, ou uma seita milenarista, ou até mesmo o professor Pardal? Esta demência conspirativa fez escola. Mas será explicável unicamente pelo tédio civilizacional? Pelo anti-americanismo enquanto último reduto da esquerda relativista? Pela cobardia exemplificada no caso dos cartoons dinamarqueses, da estreia gorada de uma encenação do Idomeneo de Mozart, na Alemanha, na retirada de um quadro de Lucas Cranach do metro de Londres? Onde pretendem chegar impostores como Avery? Ganhar dinheiro com as vítimas? Ou essas também são invenção? Vendo bem, não tardará a aparecer uma terceira edição deste embuste. Provando, por A+B, que os atentados de Londres e de Madrid também foram organizados pelos respectivos governos. Verdadeiros agenciadores do terror. Haja vergonha e um mínimo de respeito pelas vítimas!

PS: Após o filme seguiu-se um debate que, imagino, deve ter sido profícuo, mas que lamento ter perdido. Graças a uma irritante inflamação no pé esquerdo, a qual me tem retido em casa desde domingo, não havendo razão para requisitar uma cadeira de rodas.

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