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Balanxo 2009

À semelhança de anos anteriores, o blogue "Café Mondego" reúne e publica depoimentos de uma série de autores convidados, sob o lema "Balanxo". Onde é passado em revista o que de relevante, positivo ou negativo, aconteceu na Guarda durante o ano anterior. Segue-se a minha colaboração:

1. Negativo:

- A profunda crise social e económica que se vive no distrito. É certo que esta realidade não é excepção no conjunto do país. Só para não ir mais longe. A diferença, neste caso, está no âmbito mais ou menos limitado dos danos, na capacidade de absorção da comunidade e na relativa eficiência das instituições que a combatem, públicas e privadas, com destaque para a rede assistencial da Igreja. Ou seja, o desemprego e a depauperação, para não falar das situações crónicas de miséria, têm ainda na Guarda factores de peso que diluem o seu impacto. Refiro-me à existência de uma forte rede de solidariedade familiar e comunitária e, se isso não bastar, de uma tradição migratória recentemente reactivada.
- O clima de pessimismo e de ausência de horizontes, embora não expresso, que sobressai dos rostos e dos discursos. Sobretudo em muitos jovens, o que é um sinal de derrota que deveria constar da agenda diária dos decisores políticos, antes de qualquer projecto.
- O golpismo puro e duro que se tornou prática na estrutura distrital do PS.
- A campanha medíocre, com algumas excepções, a que os guardenses assistiram nas autárquicas.
- As reacções inqualificáveis dos dirigentes do PSD, mormente o seu cabeça de lista para a Câmara, face aos resultados eleitorais. Aliás, com a actual composição dirigente, o PSD atingiu o fundo do poço a nível distrital, tornando-se pouco mais do que uma federação de interesses autárquicos, pejada de truques florentinos. Neste momento, representa – embora não de forma exclusiva – o que de mais atávico e clientelar existe no distrito.
- As obras no pano de muralha junto ao Vivaci, que ainda ninguém percebeu a que se destinam nem quando acabam.
- O escandaloso estado de abandono do Chafariz da Dorna e largo respectivo. Há muitos anos que insisto nisto. Mais uma vez não se perde nada…
- O alcatroamento do caminho que conduz ao sopé da crista do Tintinolho, quando bastava melhorar a estrada de terra e a sinalização pedonal existente.
- A oferta musical dos estabelecimentos nocturnos da cidade, regra geral desinspirada e que exclui o Jazz do menu.
- O estado de total degradação da via pública em muitos pontos da cidade. O qual, aliado a um planeamento urbanístico em cima do joelho, faz da circulação a pé ou de carro nessas zonas um autêntico tormento.
2. Positivo:
- O início do processo das obras de requalificação do Hospital Sousa Martins.
- A vitória de Joaquim Valente para a edilidade guardense. Sem dúvida, a melhor opção para o futuro na cidade.
- O Parque Urbano de Rio Diz, do qual sou utilizador crónico. Embora inaugurado em 2007, continua a ser o espaço verde de lazer que a cidade há muito merecia e cujo potencial só o tempo e uma gestão cuidadosa saberão quantificar.
- A requalificação da Torre de Menagem da antiga alcáçova do castelo. A obra custou cerca de um milhão de euros. O centro de recepção compreende uma exposição permanente sobre a história e património da cidade, bastante aceitável, mas não se percebe onde está a anunciada “rede de percursos na paisagem”. A intervenção na torre, com a criação de mais um piso, foi quanto baste. Inclui a projecção interactiva de excertos do foral e de um pequeno filme em 3D sobre a cidade.
- O alto nível da programação e gestão do TMG. O qual tem cumprido com distinção um serviço público que é a sua principal atribuição. Algo a que não será alheio a excelente equipa que nele trabalha e a batuta inspirada do seu Director artístico. Seria fastidioso enumerar aqui o que de melhor passou pelos palcos do TMG no ano que findou. Direi apenas que, relativamente à programação, quando se refere que atinge vários públicos, tal significa simplesmente variedade na oferta e não a sua uniformização, tendo o gosto hegemónico como pano de fundo. O que permite, e ainda bem, que cada um ajuste a sua agenda pessoal ao programa disponível.
- O início das obras de construção da alameda que ligará a VICEG à rotunda da "Ti Jaquina".
- O índice de poder de compra per capita do concelho da Guarda – 91,7%, tendo como referência a média nacional (100%) – o mais elevado em toda a região.
- Os inúmeros guardenses cujo talento, empreendedorismo e competência profissional e académica, nos mais variados domínios, são reconhecidos e não poucas vezes premiados.

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