Omo lava mais branco
A nova grelha de programação da Rádio Altitude acaba de ser dada a conhecer. No seu todo, afigura-se-me bastante interessante, ao conseguir chegar a vários públicos. Mas enferma de alguns problemas. É precisamente da opção mais controversa que aqui vou falar. Está previsto ir para o ar, todas as segundas-feiras, o programa "Politicamente Incorrecto", onde Abílio Curto e Marília Raimundo alternam naquilo que é anunciado como uma "leitura muito própria da actualidade" e "sem cerimónias". Nem queria acreditar! Mas o que terá ainda Abílio Curto que dizer aos seus conterrâneos, ao auditório da rádio? Será que se perfila para uma espécie de nobilitação senatorial? Um novo senhor comendador? Mais um "comentador" que utiliza informação privilegiada para ajustar contas antigas, ou recorre a boatos para criar cortinas de fumo? Um prof. Marcelo em versão pimba, sem brilho, sem mundo, sem livros, sem dimensão cívica. Chega! Chega de Curto! O maior (mas não o único) responsável pelo terceiro-mundismo urbanístico que vigorou na Guarda durante duas décadas, pelo trágico atraso que se abateu sobre a cidade, pela perda de oportunidades, pela deslocalização de investimentos, pelo clima de caciquismo, pelo empobrecimento humano, cultural, paisagístico, pela desqualificação, pela criação de clientelas eleitorais e outras, que ainda hoje sobrevivem, como tentáculos. As contas com a Justiça fazem parte de uma outra história, de que não me ocuparei aqui. O que me interessa a mim e o que interessa aos cidadãos em geral e da Guarda em particular, é a responsabilização política de Abilio Curto e da rede de interesses partidários e económicos que o apoiaram e graças a ele floresceram. Para que determinados erros nunca mais se repitam. Mas essa operação de saneamento básico, inexplicavelmente, nunca foi feita. Talvez à espera que a memória não cobre juros. Ou que a magnimidade seja confundida com fraqueza.
Etiquetas: ética, memória, política. rádio altitude
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