Fui ver as novidades no
blogue do TMG. Com alguma surpresa, deparei com uma profusão nunca vista de comentários nas caixas respectivas das últimas postagens. Um sinal de que o debate não é letra morta. Todavia, dei conta de que, por vezes, o anonimato revela o melhor e o pior dos seus autores. A ilustrar a segunda hipótese, veja-se
este comentário. Como se nota, até os mistificadores não faltaram à chamada, acorrendo entusiasticamente e fazendo uso dos exercícios masturbatórios a que se resume a sua
endurance criativa. A prosa mais parece uma paródia a um texto do Rodrigues Migueis ou do Aquilino, um projecto de guião para um filme do Pedro Costa, ou até mesmo um editorial do jornal "A Guarda". Embora o uso indiscriminado da elipse nos transporte até Faulkner. De qualquer modo, este é dos exemplos mais felizes que tenho encontrado daquilo a que José Gil se refere como uma "não inscrição". Isto é, a ambiguidade com origem no pavor visceral que o português tem em querer conhecer as suas limitações. Sentindo-se desconfortável com aquilo que não conhece e indisponível para o que não compreende. Daí até refugiar-se no limbo do descomprometimento, na teia da virtude permanentemente negociada, na retórica estéril, é um passo lógico. Prova disso é que o resultado deste texto assemelha-se a uma colecção de obscuridades, ao produto de um esguicho solipsista. Ao que parece, com recadinhos cirúrgicos pelo meio. Como uma mensagem criptográfica. Haja paciência!
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