Um embuste chamado Beira Interior
De há uns anos para cá - e já se verá porquê - instituiu-se no jargão regional a designação BEIRA INTERIOR. Para designar uma realidade que corresponde, grosso modo, aos distritos da Guarda e Castelo Branco. É evidente que tal sectorização não tem qualquer correspondência real a nível administrativo, na geografia, na demografia, na cultura, na orografia, no clima, nas tradições, na economia. Em suma, trata-se de uma divisão puramente artificial, que aproveita aos interesses expansionistas da Covilhã. A nível político, tal como as trapalhadas da Comurbeiras ilustram - essa fantasia unipessoal do Presidente da Câmara covilhanense, herdeira de uma regionalização que o país chumbou em 1999. A nível económico: todas as empresas com a designação social "beira interior" estão sediadas na Covilhã e concelhos limítrofes. Na Guarda, nem uma. Porque será? A nível da opinião pública: só os jornais da Covilhã e "O Interior" promovem abertamente a "Beira Interior (S.A.)". Que interesses espreitam por detrás? Evidentemente, só à Covilhã interessa esta fábula. Pois assim desvaloriza as capitais de distrito confinantes a poderá afirmar-se como potência regional. Sem nada que o justifique, diga-se de passagem. E não se diga que esta minha posição - sendo cidadão da Guarda - advém de qualquer regionalismo atávico. Trata-se de um alerta, que decerto merece a concordância de vastos sectores da população, para os perigos desta designação artificiosa e do que ela esconde. A Guarda tem tradicionalmente maiores ligações com Viseu e Coimbra. Com quem deveria reforçar os laços. E mesmo com o eixo transfronteiriço até Salamanca. Em suma: existe a Beira Alta e a Beira Baixa. Não é por nada. Para quê complicar?
http://www.mafiadacova.blogspot.com/
Publicado por scorpio mab | 12 de abril de 2007 às 18:04
E já agora que tal construir um muro a dividir as 2 regiões?? Para que não haja dúvidas...
Publicado por "O Padrinho" | 12 de abril de 2007 às 19:09
António Gil,
O único embuste que existe,e desde há muitos séculos, são os distritos, esses sim, criações artificiais que tem lesado a Civilhã em muitos aspectos
A sua versão "expansionista" só pode dar vintade de rir,ou então é um delírio, de quem, apesar de não ter cinema,anda ver demasiados filmes de ficção.
Publicado por Anónimo | 12 de abril de 2007 às 19:59
Estas reacções, suponho que de covilhanenses, local onde só passei de longe, só vêm dar razão ao autor do blogue.
Publicado por Anónimo | 12 de abril de 2007 às 20:42
Caríssimos:
Para que conste, nenhum dos meus argumentos foi aqui contestado. A Guarda é uma realidade completamente diferente da Covilhã. Querer construir uma unidade territorial, só porque a última tem sido alegadamente lesada, só pode querer dizer que agora serão outros os próximos lesados. Pois bem, vão bater a outra freguesia. Portanto, a ausência de contraditório é sintomático do desespero de quem sentiu que o tiro foi bem na mouche. And so, I rest my case.
Publicado por António Godinho Gil | 12 de abril de 2007 às 22:14
anonimo,
"local onde só passei de longe" é uma expressão vazia, sem sentido que revela alguma confusão mental,Trate-se.
António,
Vou contratar um detective para encontrar um argumento que seja, na sua prosa.
Publicado por Anónimo | 12 de abril de 2007 às 22:42
Vivi dez anos na Guarda, sempre achei rídiculas estas rivalidadezinhas... Um dos reflexos desta guerrinha é que é praticamente impossível conseguir uma boleia directa da Covilhã para a Guarda ou vice versa. Ou era, nos meus "bons velhos tempos"... Uma chatice, quando começava a chover e a gente a meio caminho sem ter onde se abrigar...
Gosto muito da Guarda (ou melhor, gosto da memória do tempo que lá passei) e gosto muito da Covilhã (ou melhor, gosto do lugar onde ela está situada, entre duas maravilhas: a Serra e a Cova da Beira). Cá pra mim, o resto são cantigas.
Por outro lado, a divisão administrativa é a dos distritos. Logo, Beira Alta, - Baixa, - Interior, - Litoral e ainda Cova da -, é tudo paleio. E construir grandes teorias à volta do paleio é dar paleio ao paleio. Não é que às vezes não tenha a sua graça...
Publicado por ljma | 12 de abril de 2007 às 23:30
Caro Sr. António Gil,
Nada como após um extenuante dia de trabalho chegarmos a casa e ler um texto humorístico como o seu...se o seu propósito era ser sério, peço-lhe encarecidamente desculpas, mas a cada vez que leio que v. excelência não sofre de um regionalismo atávico desato em sonora gargalhada...que seria de nós, pobres covilhanenses, caso sofresse...
De facto, não sabe a pena que tenho de ver as boas gentes da Guarda ( de onde é a minha mãe e muitos dos meus amigos, que felizmente não embarcam nesses choradinhos terceiro-mundistas)embarcarem nessa conversa dos "coitadinhos"...
Querer acreditar que os problemas da Guarda (atrasos no Polis,as eternas guerras no Politécnico, problemas no arranque da PLIE, etc..) são maquinações das gentes da Covilhã, só mesmo de uma mente doentia ou desocupada...e já agora, será que aquilo que a Covilhã tem, como a Universidade ou o Parkurbis, foram "roubadas" à Guarda?
Mas eu até o compreendo porque na Covilhã também já existiu essa mentalidade da "perseguição": que não nos desenvolvíamos porque estávamos entre duas capitais de distrito, porque um dia o Fundão iria "engolir" a Covilhã...enfim, desculpas, quando o que faltava era uma estratégia de desenvolvimento da cidade...
E esse é o problema da Guarda, prefere culpar os vizinhos pelas suas desgraças, em vez de questionar o que os seus líderes autárquicos têm feito pela cidade...é pena, porque continuam a não perceber o cerne da questão...
Pelos covilhanenses pode estar descansado, ao contrário de Viseu que já vos "roubou" Seia, Gouveia, Aguiar e Fornos, nós nada vos roubaremos...escusam de por uma tranca na Sé...
Felizmente que, ao contrário do que pensa, a maioria das pessoas da Guarda não se revê nas suas palavras e no seu "ódio" à Covilhã...eu, como covilhanense, continuo a desejar o melhor para a terra da minha mãe e dos meus amigos e aí continuarei a ir, quer seja para ver um bom espectáculo no TMG ou comer um belo borrego nas Casas de Bragal...como bom covilhanense, da Guarda apenas continuarei a trazer boas recordações e nada mais...
Tudo isto é de facto muito divertido...ele há cada embuste!!!
Pedro
Publicado por Anónimo | 12 de abril de 2007 às 23:32
Tal como previa, nenhum comentário rebateu de forma séria os meus argumentos. Será que ainda não perceberam que a Guarda não precisa da Covilhã para nada? É pena. A discussão até podia ser interessante. Mas já percebi que os argumentos foram substituídos por uma elucidativa amostragem onde se fala de "contratar detectives", "nós temos mais brinquedos do que vocês, nananananana!", a acusações de "mente doentia e desocupada". O que, só por si, afere um determinado nível de desenvolvimento intelectual que nada têm a ver com este blogue e que não quero para a cidade onde vivo. Assim sendo, todo e qualquer comentário hostil sobre este assunto, ou outro, será doravante imediatamente apagado.
Publicado por António Godinho Gil | 13 de abril de 2007 às 00:47
António,
Creio que o problema da Guarda não é a Covilhã, mas antes a vossa falta de participação cívica e incapacidade para construírem uma imagem positiva da urbe. Senão repare, como é possível que uma “capital de distrito” não tenha uma sala de cinema ? E a balbúrdia no IPG, a caminho do encerramento compulsivo ? E a romaria aos fins de semana para o Serra shopping ? E porque será que a UBI capta a grande maioria dos alunos da Guarda ?
Pois é ! O problema é que a Guarda cresceu mal, descaracterizou-se e contrariamente ao que possa parecer, não se desenvolveu quanto baste para se aproximar da Covilhã, devido às sucessivas guerras intestinas. O pouco que evoluiu fê-lo a troco de uma modernidade balofa, assente num modelo inane de desenvolvimento, na perda de populações rurais. Por isso se encontra hoje, neste processo lento de definhamento,
“a ausência de contraditório é sintomático do desespero de quem sentiu que o tiro foi bem na mouche” (dixit)
Publicado por Anónimo | 13 de abril de 2007 às 11:04
Carpinteira:
Pelas razões que referi, o assunto estava para mim encerrado nesta caixa de comentários. Todavia, o seu, porque menciona algumas questões importantes, abrirá uma excepção, na qual responderei com todo o gosto:
1. A Guarda esteve 1 ANO com a sala de cinema comercial encerrada, pelas razões que poderá ler no post "Habemus cinema". No entanto, tem existido uma exibição regular de cinema de qualidade no TMG, em parceria com o Cine Clube local.
2. Se alguém tem denunciado a "balbúrdia no IPG" tenho sido eu. É na verdade uma situação intolerável e desprestigiante para a instituição e para a cidade.
3. A romaria ao Serra Shopping é semelhante a qualquer outra romaria aos Centros Comerciais em qualquer outra cidade. Tem o seu quê de caricato e deveria ser motivo de estudo para sociólogos e historiadores. Mutatis mutandis para os dois grandes espaços comerciais que brevemente serão construídos na cidade. Sobre o assunto, já escrevi uma crónica que poderá ler Aqui
3. Embora seja verdade para muitos, não é verdade que a UBI capte a maioria dos alunos da Guarda. Basta ver as estatísticas.
4. Não existe um modelo de desenvolvimento para Guarda, principalmente porque os responsáveis locais não têm querido/sabido pô-lo em prática. Quanto ao diagnóstico, corresponde, em grande medida, àquele que apresenta, embora em tons menos carregados. Quer do ponto de vista urbanístico, turístico, de promoção da imagem, captação de investimento produtivo, construção de infra-estruturas, a Guarda padece de uma ausência de estratégia que, a curto prazo, pagará caro.Tenho comentado publicamente o assunto de forma bastante crítica, quer nos blogues quer nos jornais, como poderá nomeadamente observar nos posts "O Ar da Guarda", "Ay nós coitados", "O Circo", "A Festa" e "O Povo é quem mais ordena", todas deste blogue.
Mesmo assim, gostaria ainda de lhe dizer o seguinte:
1. Do ponto de vista da oferta cultural, uma realidade que conheço bem, a Guarda tem sido um bom exemplo, quer antes quer depois da construção do TMG.
2. A cidade possui uma zona histórica ímpar no contexto nacional, algo que, por exemplo, a Covilhã não tem.
3. Conheço razoavelmente a realidade socio-económica da Covilhã, pois aí trabalhei um ano, em funções que me permitiram estar em contacto directo com o mundo do trabalho e os agentes económicos.
4. As cidades, tal como os indivíduos, têm o seu caminho próprio para o crescimento. Comparar realidades pode ser útil.Copiá-las, raramente.
Mantenho pois a ideia de que a designação "Beira Interior" não é inocente e, só por si, é mais uma panaceia que nada resolve.
Publicado por António Godinho Gil | 13 de abril de 2007 às 13:12
Imagino a enxurrada de comentários a exaltar a "obra feita" na Covilhã com que te tens deleitado no fim de semana. Se veio alguma ideia consistente à mistura, avisa.
Publicado por Anónimo | 15 de abril de 2007 às 16:18
Sem dúvida alguma esses "senhores" da covilhã, que escreveram a falar mal da cidade da Guarda, não demonstram saber nem cultura absolutamente nenhum.
1º O facto se no referendo de 1999 a regionalização ter sido chumbado, é motivo mais do que suficiente para que hoje não se falasse de uma dita "beira interior";
2º Só os Guardenses é que não concordam com essa "união" ao distrito de Castelo Branco, os "senhores" da Beira Baixa não se importam minimamente; normalmente quem gosta de uma idéia não diz nada, não se opõe...; porque será? será que vão perder algo? ou vão beneficiar?
3º Todas as cidades de um determinado distrito têm "aquela" rivalidade com a respectiva capital, é o que acontece na e com a Guarda, curioso é essa cidade de nome Covilhã andar sempre a querer rivalizar com uma cidade que nem ao distrito deles lhes pertence..., andam sempre a querer criar um ambiente de rivalidade com uma cidade que é capital de um outro distrito e cidade de uma outra região, a Beira Alta onde a capital é Viseu, onde para tratar de assuntos militares, entre outros, sempre foi aí que as poplações se aglutinavam! Como tal, é incompreensivel;
4º A Serra da Estrela pertence a três distitos: Guarda,Coimbra e Castelo Branco; a C.Branco só pertence as Penhas da Saúde que são do concelho da covilhã; uma outra parte a sul pertence a Coimbra, o resto pertence ao distrito da Guarda, incluindo a famosa Torre, que pertence a uma aldeia de nome Loriga, do concelho de Seia, distrito da Guarda, no entanto essa terra chamada covilhã, que fica numa cova, no sopé da Serra da Estrela, faz lembrar os americanos a querem para eles o que a eles nunca lhes pertenceu; toda a covilha funciona à base de nomes alusivos à Serra que não é deles iclusivamente um shopping todo ele pintado com figuras alusivas ao frio e à neve, coisa que eles não sabem o que é a não ser que vão até à Serra da Estrela; quanto ao turismo da Serra da Estrela, eles invocam-no para eles o explorarem, porque? Quais são as forças que têm o poder de deixar andar a "fucinhar" nas terras dos outros impunemente? pois é meu caros, são as forças governamentais;
Pois é meus amigos, no mandato do Guterres, ele tentou a regionalização com a finalidade da população da Guarda fazer desenvolver o seu Fundão, conseguiu, mas o sócrates que é da covilha também pertencia à administração, como tal temos a maior ligação do pais a ligar uma autoestrada a uma terra (A23 a ligar á covlha) inconcebivel mas exequivel;
Agora o socrates está no poleiro, então Delphi da Guarda perde trabalhadores para em C.Branco se criarem mais postos de emprego na mesma empresa...,o dinheiro do governo para a camara de C.Branco foi só 11,5 vezes superior ao que deu para a camara da Guarda, não há coincidecias...; quando o Barroso era P.M, o distrito de C.Branco teve uma travessia no deserto! É que ele é de Bragança!
A Guarda nunca precisou da Covilhã, mas o dinheiro das gentes da Guarda dão muito jeitinho à covilha!
Por isso deixem de falar mal dos problemas da cidade da Guarda,virem-se para baixo e tenham rivalidade com as terras da vossa região, porque Nós somos de outra Liga, estamos cá bem no alto, acabem de uma vez por todas de proferir a palavra Guarda, porque na vossa boca a Guarda perde todo o valor, deixa de ser capital de distrito para ser um anexo de C. Branco, tende tento na lingua quando falais de uma terra tão nobre como é nossa, porque nós não queremos nada, absolutamente nada com o que vem de baixo.
Publicado por Anónimo | 24 de junho de 2007 às 00:45