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Guarda Republicana (2)


Ao longo de três sessões, no passado fim de semana foi apresentado no TMG mais um espectáculo de homenagem à cidade. Assim, depois de "Guarda, Paixão e Utopia" (2006) e "Guarda, Rádio Memória" (2008), eis "Guarda, a República". Compondo desta forma uma trilogia que já se tornou uma referência também a nível nacional. Não só pela evidência da continuidade espacial das produções, como pela sua feição comunitária (quase 400 pessoas em palco), pela notável mobilização das colectividades do concelho, o empenho de todos os participantes e sua coordenação. Mas a singularidade dos espectáculos reside também na sua dimensão epopeica, com grandes movimentações colectivas, ainda que com determinados protagonistas em destaque,  no realismo fantástico, associado a grande parte das sequências, na sátira elegante, no rigor histórico e na utilização de várias linguagens artísticas em modo subsidiário. E, claro está, sempre a memória da cidade, os seus fantasmas, os seus heróis, a sua mitologia particular, como cenário de eleição e motivo inspirador. No entanto, todos os espectáculos mantiveram uma individualidade própria. Nenhum foi igual aos outros. No caso do "Guarda: a República" a conclusão é evidente. Tratou-se, sem dúvida, de uma produção mais vincadamente ideológica. E onde a informação histórica teve um peso mais pronunciado. Todavia, em meu entender, esteve longe de se tratar da apologia de um regime, ou de uma época específica, mas antes a celebração artística de um projecto político, a recriação cénica  das atribulações de um modelo republicano de organização da sociedade. E como todos ideais, quando posta em prática, alimenta também os equívocos e os falhanços, em paralelo com os êxitos. No desiderato, tornam-se inevitáveis as analogias com o presente. Pois que a História, longe de ser uma soma de segmentos dispersos, é sobretudo um continuum, um espaço topológico onde um número limitado de questões-chave se repetem ciclicamente.

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