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O triunfo da abóbora II


Ao que parece, no passado fim de semana decorreu na Guarda a segunda edição da festa da abóbora. Que é anunciada como representando as genuínas tradições locais. Perguntei a dois antropólogos se tinham noticia desta prática festiva na região. A resposta, como é de prever, foi negativa. Portanto, trata-se de uma tentativa de macaquear uma tradição genuinamente anglo-saxónica, sem qualquer expressão entre nós. Lá que importem o que existe de bom por lá - o respeito pelas liberdades, a meritocracia, o primado da lei, o controle mútuo entre os vários poderes - não me importo absolutamente nada. Agora que tentem impingir gato por lebre, já me importo e muito. Por outro lado, segundo me relataram, os "festejos" limitaram-se a reproduzir, grosso modo, o modelo seguido no desfile do Galo do Entrudo, essa sim, uma verdadeira tradição. Com umas bizarrias tipo comboio fantasma pelo meio. Os responsáveis camarários acham que é disto que o povo eleitor gosta. E as milícias populares anti-elitistas rejubilam. Evoeh! Evoeh! Bem fiz eu em demandar outras paragens durante o fim de semana. Com uma visita ao IV Salão Erótico de Lisboa pelo meio. E que ricas bruxas por lá havia!

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O melhor de toda a festa caso não saiba foi a distribuição de moedas de centimo que as crianças se entreteram a apanhar os meus filhos apanharam 96 cent.

Pois é, também me incomodam um bocadinho estas coisas, partilho desse sabor a falsidade. Mas, por outro lado, a formação em antropologia obriga-me a reconhecer que o processo cultural está cheio destas coisas, de invenções e reinvenções culturais movidas pelos pequenos interesses e dinâmicas de poder. Provavelmente, vai ser sempre assim - a história e a etnografia serão sempre, também, instrumentos de poder simbólico e económico.

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