quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Acorrentados

No seguimento do post anterior, foi igualmente anunciada, pelo Governador Civil da Guarda,  a obrigatoriedade do uso de correntes de neve nas viaturas que circulem na via pública da cidade, sempre que as condições climatéricas o aconselharem. Tenho muitas dúvidas acerca da justeza e viabilidade desta estipulação. Mas antes de explicar porquê, saliente-se que, não estando tal estatuição prevista no Código da Estrada, recorreu-se à postura municipal para lhe emprestar força jurídica. Ora, as minhas dúvidas prendem-se com a previsível arbitrariedade com que as  autoridades policiais a irão interpretar. Ou seja, quem avalia com rigor os pressupostos para a sua aplicação? Quem fiscaliza? E quais as sanções previstas? Por outro lado, como será dada a conhecer tal determinação? Afixando painéis pela cidade e estradas do concelho? Outra questão tem a ver com o universo dos destinatários. O mesmo é dizer, será que os visitantes que vêm ver a neve e desconhecem a obrigação, terão tratamento diferenciado em relação aos munícipes? Obviamente, no único local onde esta medida já existe há alguns anos - o percurso entre a Covilhã e a Torre - estas perguntas não teriam cabimento. Uma vez que, nesse caso, bastou colocar barreiras nos acessos respectivos, acompanhadas de painéis informativos. Será possível fazer o mesmo na Guarda? Tenho as minhas dúvidas, devido ao número de acessos, à extensão do território e à limitação dos recursos. Por último, prevendo-se um aumento exponencial da procura, como e onde adquirir as correntes? Para evitar a especulação, não seria aconselhável colocá-las à venda no futuro Centro, a um preço simbólico, "social"?

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Limpeza

Uma boa notícia. Segundo tudo indica, o famigerado Centro de Limpeza de Neve da Guarda vai mesmo ser uma realidade, ainda este Inverno. É o que tem vindo a garantir o Governador Civil do Distrito, ao longo da última semana, após reunião com o Ministro da Administração Interna. A Unidade será constituída, segundo o próprio, "por uma viatura limpa neves pesada, um veículo ligeiro para actuar no centro da cidade e também uma pá carregadora para carregamento de sal". O custo do equipamento está orçado em 300 000 Euros, sendo dois terços financiados por verbas comunitárias e o restante por entidades locais.

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sábado, 4 de dezembro de 2010

A tempestade

Caiu mais um nevão na Guarda. And so what? Uma ocorrência perfeitamente banal, que nada tem de extraordinário, como é sabido. Aliás, a neve é um elemento crucial na iconografia da cidade. No entanto, sempre que aparece, dá ideia de que caiu o Carmo e a Trindade. A cidade pára. As escolas, sem excepção, fecham. As repartições estão a meio gás. Os compromissos cedem. Os eventos agendados são adiados sine die. Um manto de displicência, irresponsabilidade e catastrofismo parece ter-se abatido sobre a cidade, em vez de cristais de água. Repare-se que, preferencialmente, encerra tudo o que é público. As entidades privadas, no geral, estão a funcionar. E o que fazem as autoridades? Sobretudo comunicados. O Serviço de Protecção Civil, em vez de actuar como uma central de operações, resume-se a aparecer como uma central de comunicações redundante. Onde a inspiração parece vir inteirinha de Monsieur de La Palisse (o tal que 5 minutos antes de morrer ainda estava vivo). Podem ouvir-se coisas como: "saiam à rua bem agasalhados", "cuidado a circular nos passeios", "se andarem de carro, levem o todo o terreno", "não se prevê que a a circulação se altere nas próximas horas", "prevêem-se melhorias para amanhã", etc. Por outro lado, não se vêem viaturas próprias para remover a neve e o gelo das vias. Não se vêem equipas a trabalhar, mas tão só os jeeps da Protecção Civil a fazerem a ronda e nada mais. Afinal, esta gente é paga para quê? E ainda por cima, ao serem criticados pela opinião pública, reagem como se estivessem isentos de avaliação. Para quando a Estação de Limpeza de Neve, prometida há anos? Conheço países onde a neve faz parte do quotidiano, sendo portanto encarada não como um elemento perturbador, mas eventualmente poético. Na minha cidade, é todos os anos mais do mesmo. Salvem-se as fotografias, o divertimento, a poesia. E o silêncio.

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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Palimpsesto (1)




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Palimpsesto (2)




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