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E depois do adeus

Maria do Carmo Borges anunciou que não continuará no cargo de governadora civil da Guarda. Irá assim permanecer em funções unicamente até ser nomeado novo titular. Esta sua decisão encerra um significado óbvio. O de que irá, muito provavalmente, abandonar a vida política activa. Muitas leituras e apreciações se têm feito acerca do seu desempenho público, sobretudo enquanto presidente da Câmara. Pessoalmente, só conheci de perto o seu último mandato, entre 2001 e 2005. Durante esse período, quer pelo que lia na imprensa, quer por algumas reuniões que mantive com a então presidente, quando dirigia o Aquilo Teatro, sempre tive uma boa impressão de MCB. Sobretudo pela forma directa e voluntariosa como abordava as questões discutidas. Significa isto que uma impressão pessoal favorável, de pendor subjectivo, pode ser transposta para uma apreciação de cariz político? Não necessariamente. Creio até que o seu consulado autárquico será lembrado como a máquina que prolongou a agonia terminal da época desastrosa de Abílio Curto. Não por acção, mas sobretudo por omissão. Não pela forma, mas pelo conteúdo. Não pelo dolo, mas pela negligência. Deixou que a inércia dos hábitos nocivos se sobrepusesse ao reformismo prudente, mas firme. MCB não desligou pois a máquina, numa altura em que a eutanásia política era a única solução para a Guarda. E teve tempo e legitimidade para o fazer. Os resultados viram-se: pré-falência técnica da Câmara, cedência aos pequenos poderes instalados na autarquia e adjacências, má gestão dos temas fortes da agenda política guardense (novo hospital, CTT, fecho da VICEG, só para dar alguns exemplos). Claro que nem tudo foi negativo. Bem pelo contrário. Do outro lado da balança invoco a construção de equipamentos públicos como as piscinas, a remodelação do estádio e do parque municipais, a comparticipação na construção do Teatro Municipal, a criação da Culturguarda, entidade gestora dos equipamentos culturais do concelho, o apoio às entidades associativas, requalificação urbana em vários pontos da cidade, etc. É de realçar o facto de ter apoiado sem hesitações a actividade cultural, nas suas várias vertentes, ajudando a projectar a cidade nesse campo de forma ímpar. Claro que é defensável a opinião de que utilizou a cultura como bandeira de conveniência. Mas é caso para dizer que, neste caso, os fins justificam os meios. Só por isso, valerá a pena estar grato a MCB.
Como nota final, tudo indica que o senhor que se segue na cadeira de governador ainda é uma incógnita. No entanto, aceitam-se apostas múltiplas numa tripla...

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