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Ares da Guarda

"Que fazer dos nossos ares frios que sob a forma de neve já no século de Gil Vicente se exportavam para a longínqua Lisboa?
Vendê-los, em casa, imitar como podíamos os eternos Davos-Platz dos outros, oferecê-los aos que sofriam do "mal" de um século em vias de urbanização acelerada, e à falta de águas milagrosas de outros sítios, lavar-lhes os pulmões nesse ar ainda não poluído da nossa provincial "montanha mágica". Sem se dar ares, que a sua modéstia não lho permitia, a Guarda, na nossa "belle époque", não se converteu na cidade onde se vinha a ares. Mas tomou consciência, e a tradição dura até hoje, que os seus "ares" eram, para quem os procurava, uma aposta de vida.É pena que nenhum Thomas Mann caseiro não tenha deixado um breve sinal de que a busca salvadora dos nossos dares lavados, era também, sabendo-o ou não,um passo como outros na simbólica montanha da verdade, aquela onde os ares salvam porque são cortantes."

Eduardo Lourenço, in caderno colectivo Ar Livro, Guarda, 2004, edição NAC/CMG

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