terça-feira, 30 de novembro de 2010

Imagens da Guarda


Ontem à tarde, no Parque Polis

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Guarda Republicana (2)


Ao longo de três sessões, no passado fim de semana foi apresentado no TMG mais um espectáculo de homenagem à cidade. Assim, depois de "Guarda, Paixão e Utopia" (2006) e "Guarda, Rádio Memória" (2008), eis "Guarda, a República". Compondo desta forma uma trilogia que já se tornou uma referência também a nível nacional. Não só pela evidência da continuidade espacial das produções, como pela sua feição comunitária (quase 400 pessoas em palco), pela notável mobilização das colectividades do concelho, o empenho de todos os participantes e sua coordenação. Mas a singularidade dos espectáculos reside também na sua dimensão epopeica, com grandes movimentações colectivas, ainda que com determinados protagonistas em destaque,  no realismo fantástico, associado a grande parte das sequências, na sátira elegante, no rigor histórico e na utilização de várias linguagens artísticas em modo subsidiário. E, claro está, sempre a memória da cidade, os seus fantasmas, os seus heróis, a sua mitologia particular, como cenário de eleição e motivo inspirador. No entanto, todos os espectáculos mantiveram uma individualidade própria. Nenhum foi igual aos outros. No caso do "Guarda: a República" a conclusão é evidente. Tratou-se, sem dúvida, de uma produção mais vincadamente ideológica. E onde a informação histórica teve um peso mais pronunciado. Todavia, em meu entender, esteve longe de se tratar da apologia de um regime, ou de uma época específica, mas antes a celebração artística de um projecto político, a recriação cénica  das atribulações de um modelo republicano de organização da sociedade. E como todos ideais, quando posta em prática, alimenta também os equívocos e os falhanços, em paralelo com os êxitos. No desiderato, tornam-se inevitáveis as analogias com o presente. Pois que a História, longe de ser uma soma de segmentos dispersos, é sobretudo um continuum, um espaço topológico onde um número limitado de questões-chave se repetem ciclicamente.

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domingo, 21 de novembro de 2010

A Guarda há 45 anos

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Guarda Republicana (1)

                                                                           
                                                              (clicar para ampliar)                                                                     

Este é o ano do centenário dela. Da instalação dela. Das réplicas dela. Da utopia possível com busto generoso e bigode mustafálico que nela irrompeu. Mas sejamos claros. No pasó nada! Uns tirinhos, uns pirolitos, umas proclamações a piscar o olho à eternidade fixa (já que a móvel nada mais é do que o tempo, Platão dixit), umas reformas, como agora se diria, fracturantes, uma participação cívica nunca vista, uma janela para a brutalidade do despontar do séc. XX - a Grande Guerra -, o florescer da modernidade nas artes e nas letras, a nova filosofia portuguesa, a proliferação de jornais e revistas, a laicidade (menos como princípio de organização do estado, e mais como método intimidatório, cego e contra natura), a hipocrisia do sufrágio censitário, os "adesivos" e os "sempre em pé" que fizeram carreira, a tropa, esse viveiro de golpismos, ora sossegada ora mortinha por intervir, a instrução para todos, Egas Moniz, o ensino técnico, a razão possível na míngua de pão e de futuro, quando todos ralham e ninguém cede, Sidónio, o mais carismático, Costa, o animal político, Teófilo, o sonhador, Couceiro, o D. Quixote, os Governos a entrar e a sair em sistema de cama quente, a erupção social e cultural da mulher, o apocalipse  frenético de 100 anos de liberalismo, pois que o respeitinho muito lindo veio a seguir.
Ora, com a tal de República em ano cem,  e com a Guarda (Oppidana para os mais chegados) também aniversariante (811 aninhos bem medidos), tá-se mesmo a ver o que ia acontecer: teatro do bom! Nem podia ser de outra forma. Ou podia? Portanto, e como não há uma nem duas sem três, o TMG chegou-se à frente e aí está a produzir mais um espectáculo certamente memorável. Para não variar, de cariz comunitário (cerca de 400 pessoas em palco, entre actores, músicos e colectividades). O cúmplice da coisa é o mesmo de sempre, o Trigo Limpo Teatro ACERT. A encomenda veio da autarquia guardense, com o apoio do Governo Civil. Numa mescla de ficção e reconstituição história, com o imaginário da cidade como elemento aglutinador, a peça desenrola-se em várias fases. Que acompanham a vida do protagonista Rebeldino, o herói trágico, cujo destino é o mesmo do regime.
O espectáculo tem coordenação geral de Américo Rodrigues, guião de Américo Rodrigues, José Tavares e Pompeu José, textos de Hélder Sequeira, Norberto Gonçalves e deste vosso criado (que também participa como actor), encenação de Américo Rodrigues e Pompeu José. Direcção musical a cargo de César Prata. O cartaz é de Sérgio Currais.
"Guarda: a República" terá apresentações no Grande Auditório do Teatro Minicipal, nos dias 26, 27 e 28 de Novembro. Sexta e Sábado às 21h30 e  Domingo às 16h00. Consultar aqui.

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