terça-feira, 27 de julho de 2010

Imagens da Guarda

Vista da Pedra Sobreposta (Prados)

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terça-feira, 20 de julho de 2010

Começam dia 22!


O projecto "Passos à volta da memória" é uma iniciativa da Culturguarda EM e da Câmara Municipal da Guarda. Graças a ele, entre 22 de Julho e 18 de Setembro haverá uma série de visitas encenadas ao centro histórico. As sessões serão às 10h e ás 17.30h, todas as sextas e sábados e 1º domingo de Agosto e Setembro, com partida da Praça Velha, junto ao posto de Turismo. Como o nome indica, trata-de uma visita guiada, embora com as características de um espectáculo de rua. O guia / guardião da memória / herói local, será Álvaro Gil Cabral, alcaide da cidade nos finais do séc. XIV. Notabilizado graças à sua recusa em entregar as chaves do castelo ao rei D. João de Castela, pretendente ao trono português. A história é aqui contada mais em pormenor. 
No essencial, trata-se de um percurso pelas artérias do centro histórico, num perímetro bem definido. Onde se pretende recriar cenicamente memórias da cidade, dispersas por várias épocas e vários protagonistas.  Não é de todo uma reconstituição histórica, mas não dispensa o rigor da História. É teatro, mas cujo cenário é a própria cidade e a trama a sua memória. E o guia está longe de ser um cicerone convencional, mas antes um personagem cujas virtudes e fraquezas o tornam singular e próximo, como irão ver.
"Passos à volta da memória" é um espectáculo com coordenação de Américo Rodrigues. Criou o texto este vosso criado. A encenação é de Antónia Terrinha, ficando a interpretação a cargo de João Ventura. Assina o design gráfico Jorge dos Reis. Participarão ainda os figurantes Carlos Gil, Carlos Morgado, Elisabete Fernandes, Luís Paulo e Maria Miguel Figueiredo.

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quinta-feira, 15 de julho de 2010

As portagens do nosso descontentamento

De degrau em degrau, e sem que as fraldas fossem mudadas de tempos em tempos, como lembrou a propósito Eça em "As Farpas", a política em Portugal foi ficando local de abrigo para gente desclassificada, a tender para a psicopatia, ignorante, boçal, sem princípios, sem qualificações profissionais ou cívicas. As excepções contam-se pelos dedos de uma só mão. Sei bem que lembrar certas coisas às vezes é doloroso para quem é apanhado. A ilustrá-lo, atentemos em dois exemplos da vida pública mais recente:
1º recordam-se da airosa intervenção do jesuítico Mota Amaral, aquando da sua retirada da vida parlamentar? Sem pestanejar e sem aquele seu conhecido sorriso seráfico, disse estar, na hora da despedida, "de consciência tranquila". Isto sob os rasgados aplausos (também) do PS. Repare-se que estamos a falar da mesma figura de cera que impediu que as escutas da operação "Mãos limpas" fossem utilizadas pela Comissão de Ética na sua investigação sobre o papel do 1º Ministro na gorada compra da TVI. Do mesmo que se remeteu ao silêncio a propósito do episódio dos gravadores furtados pelo deputado Ricardo Rodrigues a dois jornalistas da revista "Sábado", durante uma entrevista. Mas parece que tamanho zelo de insigne capataz valeu a pena. No final, veio a "merecida" recompensa: o estatuto senatorial encobrindo a insignificância moral.
2º Lembram-se das promessas dos candidatos apresentados na Guarda pelo PS, nas últimas legislativas? Ou, mais exactamente, do cabeça de lista Francisco Assis? Pois bem, vou recapitular. Em Setembro de 2009, a propósito de uma eventual mexida nas SCUT que servem o distrito, afirmou o candidato em entrevista à Rádio Altitude que "levantaria a voz" contra o fim das mesmas, ainda que "proposto por governo do PS". Ver aqui a notícia. Sobre o número dois, José Albano, nada se sabe. Presumindo-se que andasse a fazer contas para saber o timing exacto para saltar da AR para um lugar de nomeação política a la carte. Onde a sua irrequieta nulidade desse menos nas vistas. Quanto aos deputados eleitos pelo PSD, Carlos Peixoto e João Prata, devem ter engolido o princípio da universalidade de uma assentada, sem mastigar e fazendo o acto de contrição ao mesmo tempo. A deglutição foi certamente auxiliada por uns bons litros de Água das Pedras e uma caixa de Alka-Seltzer. Pois bem, o ex cabeça de lista e agora líder parlamentar da sua bancada teve agora um inusitado momento Chavez. Certamente por descargo de consciência, Assis emitiu uma declaração de voto no final da votação da proposta de alteração ao decreto-lei do Governo sobre portagens nas SCUT. Onde invoca as suas responsabilidades perante o círculo que o elegeu. Um gesto louvável, sem dúvida. Só que inócuo e sem qualquer efeito prático. Semelhante a uma estimável declaração retórica que tresanda a impotência. Onde é que a sua voz se "levantou" contra esta machadada fatal no desenvolvimento do interior? A sua única opção era ter votado contra a proposta. Fossem quais fossem as consequências políticas do acto. Agora, nem mil desculpas farão comover ninguém.

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quarta-feira, 14 de julho de 2010

Vem aí o Transblues

(clicar para ampliar)

O Transblues - Festival de Blues Béjar / Guarda começa hoje na cidade espanhola e na sexta na Guarda. Trata-se de uma iniciativa do TMG e da Junta de Castilla y Léon, com apoio das autarquias das duas cidades. Os concertos decorrerão no Jardim José de Lemos e no café-concerto do TMG. Dia 16, teremos o trio Michael Hill's Blues.No sábado, segue-se Larry Garner, um nome cimeiro da cena musical norte.americana do género. A acompanhá-lo, estará a Norman Beaker Band, grupo inglês que já actuou com outros “monstros” dos Blues como BB King, Buddy Guy, Alexis Korner, Jack Bruce, Van Morrison ou Chuck Berry, entre outros. No Domingo, segue-se o ecléctico guitarrista francês Cisco Herzhaft. Todos os espectáculos referidos decorrerão no jardim.

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sexta-feira, 2 de julho de 2010

A guerrilha não passará!...

A Fundação Trepadeira Azul, instituição que tem desenvolvido um trabalho notável sobretudo em áreas ambientais, está sediada na Quinta de Santo António, freguesia de Aldeia viçosa, concelho da Guarda. No passado domingo, aí promoveu um concerto de música erudita, pelo grupo "Capela Egitanea".  Porém, quem ao local acorreu, deparou-se logo à entrada do recinto com uma situação insólita: o Presidente da junta de Freguesia Local, Baltasar Lopes, acompanhado de alguns comparsas e completamente alterado, gesticulava e vociferava contra a realização do concerto, anunciando o seu boicote ao som das vuvuzelas. Ao mesmo tempo, ameaçava a Direcção da Fundação com represálias de todo o tipo. E até o público que se dispunha a assistir ao espectáculo. As "razões" apresentadas pelo edil para o seu comportamento diziam respeito a questões judiciais passadas, havidas entre a Junta e a Fundação. Pelo caminho, ia erguendo uma série de impedimentos administrativos, completamente infundados, à realização do concerto. Apesar dos repetidos apelos à contenção, o autarca manteve o seu propósito. De modo que as vuvuzelas se fizeram soar ao longo do espectáculo. O desenrolar dos factos foi presenciado pela GNR, chamada ao local, mas que nada fez para impedir o sucedido.
Entretanto, a história é denunciada no dia seguinte pelo Américo Rodrigues no seu blogue "Café Mondego", cujo texto convido a ler. Como verão, os factos são relatados na primeira pessoa, pois o autor esteve presente no concerto e são recheados de abundantes pormenores.
Mas o episódio não termina por aqui. Logo na terça feira, Baltasar Lopes apresentou uma "proposta" na sessão respectiva da Assembleia Municipal (de que é membro por inerência, sendo presidente de uma Junta de Freguesia, para quem não sabe), no sentido de ser diminuído em 20% o apoio da Câmara ao Teatro Municipal da Guarda. A proposta foi posta à votação, tendo sido aprovada com os votos de toda a oposição e parte do PS. Não enquanto resolução, mas como "recomendação". Sem qualquer propósito vinculativo para o executivo, portanto. Durante a discussão, houve ainda tempo para um "iluminado" presidente de junta fazer incluir na proposta o encaminhamento da verba assim "recuperada" para as Juntas de Freguesia. Até ao momento, não houve ainda qualquer reacção por parte da estrutura concelhia do PS. Sabendo-se que Baltasar Lopes, embora independente, foi eleito com o apoio dos socialistas. Por outro lado, Américo Rodrigues denunciou o episódio em primeira mão e da forma veemente que se lhe reconhece. O que levou a que fosse visado de duas formas: como Director do TMG, pela insólita iniciativa descrita; pessoalmente, através de insultos e ameaças que afirma ter recebido a partir de então.
Algumas ilações:
a) O caso, embora aparentemente possa ser remetido para o fait divers pitoresco, reveste-se de alguma gravidade.  Sendo urgente uma tomada de posição por parte da Câmara e da Concelhia do PS. Retirar a confiança política ao autarca é o mínimo que se exige. O normal seria exigir a sua demissão, ameaçando-o com uma auditoria às contas da praia fluvial.
b) Por outro lado, sabe-se que a deliberação da AM, seja qual for a sua forma, não terá quaisquer efeitos práticos. O órgão não tem competência para alterar orçamentos devidamente aprovados de uma empresa municipal, a Culturguarda. Mesmo assim, é incompreensível como proposta tão descabelada foi aprovada. As razões do proponente são claras: têm as dimensões precisas de uma vingançazinha pessoal de quem não suporta ver-se posto em causa. E de quem usa um órgão autárquico, que integra por inerência de funções, como caixa de ressonância dos seus ressentimentos pessoais. De resto, as repetidas facécias do autarca ajudaram a compor a sua imagem de marca: a do cacique trauliteiro e populista. É altamente improvável que os verdadeiros motivos do edil fossem conhecidos de quem votou favoravelmente a proposta. Que integrou toda a oposição e os Presidentes de Junta do PS. A história é contada aqui pelo AR.
c) O resultado e a composição da maioria que aprovou a proposta não me surpreendem. Por dois motivos: 1º na Guarda, para além do conhecido populismo associado ao eleitorado tradicionalista de direita e dirigentes dos partidos e instituições que o representam, existe um outro. Trata-se do populismo promovido por certos partidos da chamada esquerda. Que vivem do soundbite miserabilista e do engraçadismo de circunstância. Associando a cultura ao despesismo e ao desperdício. Não porque realmente acreditem nisso, mas por razões de mera estratégia eleitoral. 2º Ficou evidenciado que a maioria dos presidentes de Junta vivem amarrados às suas clientelas e não têm qualquer estratégia que ultrapasse a sua sobrevivência política. A alteração efectuada à proposta inicial, que faz lembrar a repartição de um saque, fala por si.
d) O TMG é uma peça essencial para a afirmação e desenvolvimento da cidade. Não vou aqui repetir as razões que tantas vezes referi. Aqui, por exemplo. O que interessa, por agora, é focar na noção de que o Teatro Municipal é uma instituição modelar, com provas dadas e, em cada ano que passa, crescentemente acolhido pela cidade no seu imaginário. Claro que não esta isento, bem pelo contrário, da avaliação política nos órgãos próprios, da avaliação do próprio público e do benchmarking. Outra coisa é admitir ou compactuar com esta espécie de terrorismo, que desprestigia as instituições, pode colocar em causa políticas de longo prazo assumidas pela autarquia e cria um ruído completamente à margem do que interessa debater. 
Conclusão:
É fundamental não só que a Câmara se demarque desta "recomendação" e de quem a propôe, como também reafirmar a sua aposta na actividade cultural como factor estratégico de desenvolvimento local. Sobretudo agora que se percebeu que, embora para muitos seja esta a aposta certa, ainda não o é para todos. O que não é necessariamente mau. Sabendo-se que as opções políticas de risco são as únicas dignas desse nome.

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